28.7.08


Maya con Muñeca, Picasso, óleo sobre tela, 1938.

Às vezes, arranjamos um dia para nos sentarmos à mesa, sob a figueira. Repartimos como antigamente a carne, o vinho, o pão, a frescura sumarenta dos pêssegos, e fingimos viver sem cuidados. Ao longe, as cidades ardem, a multidão nas ruas, a morte nos guetos, os poderosos em seus prédios altíssimos, guardados por tanques e polícia. E, quando nos levantamos, vemos a mesma miúda a fitar-nos, fugida das cidades, os olhos opacos de futuro. Não têm uma boneca que possa chamar-se Matilde? — pergunta-nos sempre.

© nd

Sem comentários:

 
Free counter and web stats