Leia-se a saga de Osvaldo M. Silvestre, que foi à procura das Obras Completas de Jorge Luis Borges, em Coimbra. Se O.M.S. pegasse no carro para ir a Salamanca, à Cervantes, e andasse 650 km, ida e volta, talvez poupasse em arrelias o que não pouparia em dinheiro. Mesmo assim, eu telefonaria antes, que o mundo está a mudar até nos redutos mais inesperados. São coisas da democrácia, como por lá pronunciam o malévolo conceito: tu votas, mas comerás sempre o que a gente te der; és livre de expressão, mas não podes ser culto, porque então a tua liberdade acaba onde a nossa começar. Compra e sê feliz a comprar, porém desconfia sempre do que sai pouco e pouco se vê.
E orgulha-te, porque é a partir de ti, cidadão da maioria silenciosa, que educamos meticulosamente as gerações futuras. Os livros ardem bem é em hipermercados e outras grandes superfícies. Ar, ar, ar! gritemos todos AR! para que ardam melhor ainda e se esgotem sem cansaço nesses passeios públicos de sábado. Nos lugares alternativos, o que há é fungos, e compete aos governos democráticos legislar sobre a matéria, que é de saúde pública.
4 comentários:
Estranho- eu tenho as obras completas em causa- ed.Círculo de Leitores e outra editora...
Muito justo, tudo o que aqui se deixa.
Eu também as tenho, em castelhano, mas o OMS é que não as tinha nem as arranjou em Coimbra. O problema, Amélia, é que cada vez mais só há nas estantes o que se vende.
Sim, entra pelos olhos dentro, caro vizinho, e virá o dia em que lerão Musil em fotocópias...
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