10.2.11

Poesia: duas surpresas boas e uma, nada


Em quatro dias, duas surpresas boas em livros de poesia. O livro da imagem e este aqui. Os dois, além do sentido poético particular de cada autor, têm um meio comum: usam uma linguagem que se entende. Nesses mesmos quatro dias, não cheguei a metade de um outro. É de pessoa alguns anos mais nova, dada muito a difundir-se em recitais. Disse eu: pessoa alguns anos mais nova, o certo é que parece muito mais velha, por se dar à ginástica das palavras, em busca de novas significações e coisas que tais, em moda há meio século. Eu sei bem do que se trata, mas fica cá comigo. Deixo um porquê de uma das boas surpresas, que foi ao que vim:


sophia de ti
disseram-me que
recitavas poemas
em voz alta nos eléctricos
que cantavas nas ruas de Lisboa
enquanto os teus filhos te procuravam
(viram a mãe, aquela que troca tudo e não confunde nada)
e dançavas frente ao espelho dos teus olhos
sempre sempre ao desafio

ah sophia
sofia eras
sophia és

(passeei pelo teu jardim
tão abandonado estava
deu-me vontade de chorar)

in Aluimentos, Bénédicte Houart, Livros Cotovia, 2009, p. 56.
 
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