9.2.12

Inês, ó bela fêmea do Verão




«Inês, ó bela fêmea do Verão,
que Posídon retese as tuas pernas
com que irás abraçar-me, para ti
inteiro me puxando», clama Pedro
neste século XXI, certamente
dantes leitor de gregos por assim
falar, grandiloquente, ou parecer
que fala àquela loira como pão.
Inês é fulminante, Pedro cega,
e ela, veloz, aceita-o por ser príncipe,
afirma o maldizer de gente reles.
E agora só de longe em longe os vêem,
às vezes num iate, de entre as ondas;
de outras, em um Rolls Royce, na auto-estrada.
Não os acham de noite em parte alguma,
mas as revistas rosa mostram que
andam pelo terraço dos hotéis,
onde músicos tocam velhos temas
e a brisa traz consigo lavagantes
e ostras como metáforas de sexo.

Nuno Dempster, in Pedro Inês: Dolce Stil Nuovo, 2011.
 
Free counter and web stats