17.3.10

Às vezes, o melhor. Ontem, no Cineclube.



E o mais elevado, porque em Los Olvidados, de Luis Buñuel, se desce ao mais baixo e se deixa entrever a promessa falhada de crianças delinquentes nos subúrbios miseráveis de uma megalópole, a cidade do México no final da primeira metade do séc. XX. Uma tensão permanente sem apologia nem sentimentalismo, sempre num nível alto, muitas vezes quase insuportável, que nos compromete fortemente com o filme todo. Aqui e além, imagens do surrealismo, sobretudo de rostos e num sonho, mas também em mais cenas, como as do cego e do homem sem pernas.

O amigo com quem fui ver o filme falou-me em neo-realismo, de resto à semelhança de algumas opiniões que pesquisei depois, mas em Os Olvidados não há intervenção apologética, nem bandeiras e salvações, nem confronto de classes, há o ambiente de tensão e de delinquência sem saída, que a câmara e os actores amadores apenas nos mostram. Este filme, que é justamente considerado uma das grandes obras de Luís Buñuel e da História do Cinema, foi declarado Memória do Mundo, pela Unesco, em 2003.
 
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