21.3.10

Marcial e o Dia Mundial da Poesia

Marcial, Marco Valério Marcial, nasceu na Hispânia romana cerca de 40 d. C. em Augusta Bilbilis, perto de Calatayud, cidade esta que foi republicana, mártir da Guerra Civil Espanhola, e hoje, sem dúvida, mais conhecida pelos seus bombons de fruta cristalizada, coberta com chocolate negro. Segundo Plínio, depois de muito andar por Roma, Marcial terá morrido na sua terra natal entre 103 e 104 d. C.

Chegou, com os seus epigramas, na quinta-feira passada, em quatro volumes, enviados pelo Sr. Changuito. Quando os vi, nem hesitei em os comprar, afinal trata-se da sua obra completa, pensei, e eu só o lera avulsamente em antologias, sobretudo epigramas de carácter obsceno. Marcial, como Bocage que nele se inspirou, são bem mais, embora mestres nesse tema de que muito gosto em poesia boa, deles e não só.

Por essa e por outras razões, segue abaixo um epigrama de Marcial, sobre outro assunto, por ser coisa tão comum hoje como há dois mil anos. Festejo assim, condignamente, o meu Dia Mundial da Poesia.

Recitas lindamente, advogas causas, Átalo, lindamente;
     histórias lindas, poemas lindos tu escreves;
compões lindamente mimos, compões epigramas lindamente;
     és um lindo gramático, és um lindo astrólogo,
e lindamente cantas e danças, átalo, lindamente;
     és lindo a tocar a lira, és lindo a jogar a bola.
Conquanto nada faças bem, fazes tudo lindamente.
     Queres que te tiga o que tu és? És uma grande seca.


Marcial, Epigramas, Vol. I, livro II, 7, edições 70, 2000
 
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