Um poema tende, na sua génese e vontade, ao equilíbrio total. Inclusive quando se opta por linguagens de desequilíbrio, é a sua forma própria de equilíbrio que procuram (aparte desnecessário, mas que convém deixar escrito). Quero dizer, um poema enquanto arte visa o equilíbrio absoluto que não se alcança, porque o absoluto é uma abstracção e não existe. Busca-se essa totalidade definitiva na forma, na estrutura interna, na linguagem, no assunto de que trata. Essa busca de perfeição é que mantém viva a necessidade de escrever, bem como a de o poeta se testemunhar a si mesmo na vida e de buscar a suas coordenadas no mundo. Persegue-se sempre o poema, como Sísifo rola a pedra monte acima.
Há 8 horas