Enquanto não chega:
A
solidão desse homem atraía-a, tinha vontade de ir ter com ele, perguntar-lhe
porque vive só? Posso cuidar da sua roupa, gostaria muito de cuidar da sua
roupa. Se tivesse o número do telemóvel, ligar-lhe-ia: não precisa de alguém
para tratar da roupa? Mirava-se no espelho do guarda-vestidos – era uma mulher
esguia, sem defeito – e percorria com as mãos, devagar, os seios, o ventre, a
face interna das coxas, a luxúria, eu cuido da roupa, eu cuido da roupa,
murmurava, oh, meu Deus, concede-me a roupa dele, faz-me feliz, e desejava-o
até a confusão do orgasmo lhe tomar conta da cabeça, para no fim se perguntar
seria amor dar-se assim toda? Um desperdício, responderiam muitos. Mas era,
claro que era amor, e sentia-se cada vez mais submetida pela paixão.
In Jack, aqui