17.9.12

Entretém de boca




Enquanto não chega:


A solidão desse homem atraía-a, tinha vontade de ir ter com ele, perguntar-lhe porque vive só? Posso cuidar da sua roupa, gostaria muito de cuidar da sua roupa. Se tivesse o número do telemóvel, ligar-lhe-ia: não precisa de alguém para tratar da roupa? Mirava-se no espelho do guarda-vestidos – era uma mulher esguia, sem defeito – e percorria com as mãos, devagar, os seios, o ventre, a face interna das coxas, a luxúria, eu cuido da roupa, eu cuido da roupa, murmurava, oh, meu Deus, concede-me a roupa dele, faz-me feliz, e desejava-o até a confusão do orgasmo lhe tomar conta da cabeça, para no fim se perguntar seria amor dar-se assim toda? Um desperdício, responderiam muitos. Mas era, claro que era amor, e sentia-se cada vez mais submetida pela paixão.

In Jack, aqui
 
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