26.6.16

Campeonatos


Os que exigem que Ronaldo salve a Pátria em terras de Hollande parecem-se com os que depositam toda a esperança em fulanos semelhantes em carácter ao presidente galo. Em Bruxelas capital, a equipa residente tem-se fartado de marcar golos, porque metade do campo está vazia, e a baliza adversária, escancarada. Aquilo a que chamam “democracia” não permite que a equipa da arraia-miúda ocupe o lugar a que tem direito no campo. A verdade é que nunca foi essa a intenção do desafio democrático, adjectivo oco que enche a boca dos mandaretes comunitários e seus coadjuvantes a nível de nação. Suponhamos que Ronaldo não tivesse estado em quatro dos cinco golos marcados até hoje pela equipa portuguesa no Europeu. Logo se ouviriam locutores a desclassificá-lo e claques a chamar-lhe traidor e mercenário. Assistir-se-ia a algo parecido às ofendidas reacções ao Brexit dos detentores de lugares de poder obtidos por cooptação, Junkers, Tusks & Cia, que exibiram à primeira vista grande pressa no cumprimento do resultado do referendo. Merkel veio dizer(-lhes) que era preciso calma, como se fosse necessário garantir que até ao lavar dos cestos é vindima. Dar o dito por não dito não é caso virgem, nem em referendos nem em coisa nenhuma, e os adeptos das Cinco Quinas estão sossegados, porque afinal Ronaldo tem jogado a contento e o poder do Goldman Sachs é grande na CE, por mão de Mário Draghi, seu antigo vice-presidente para a Europa, subido a presidente do Banco Central Europeu, pormenor que a maioria dos votantes no Brexit suponho ignorar. Tudo é possível, pois, inclusive irmos à final a 10 de Julho, uma vez que a seu tempo chegará o fim do resto. Não há império que dure mil anos, afirmo-o nem que fosse só para desmentir Hitler.

 
Free counter and web stats