Adolescente ainda, as palavras eram sons que me levavam de fulgor em fulgor, de febre em febre: escrevia como olhava o mar, imaginando cidades na margem invisível do horizonte. Escrevia pela ânsia de viver, pela luz em que julgava ir tornar-me. Há muito que essa luz se apagou e que não escrevo assim. Nem já para fingir viver. Foi longo o caminho de aprendizagem, e trago comigo as personagens que ficaram em mim e que fui encontrando nestes livros todos. Vivemos juntos e sonhamos juntos enquanto durmo. Sem elas eu não existia. O que escrevo, em sua maior parte, não me pertence. Pertence-lhes. E hoje escrevo para resistir, para que nenhuma delas morra senão quando eu morrer.
© nd
Há 34 minutos
4 comentários:
Bom texto, Nuno. Se va
calhar, e mo p+ermitires, vou usá-lo...Posso?
As minhas gralhas...
Bom texto, Nuno. Se calhar,
e mo p+ermitires, vou usá-lo...Posso?
Pode usá-lo, claro, Amélia. Como sempre. E agradeço-lhe.
Estou a visitar o seu blog pela primeira vez. E sabe que mais? Estou a gostar imenso. Só sabia da sua arte na poesia. Afinal, também na prosa! Bravo!
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