Os que exigem que Ronaldo
salve a Pátria em terras de Hollande parecem-se com os que depositam toda a
esperança em fulanos semelhantes em carácter ao presidente galo. Em Bruxelas capital, a
equipa residente tem-se fartado de marcar golos, porque metade do campo está
vazia, e a baliza adversária, escancarada. Aquilo a que chamam “democracia” não
permite que a equipa da arraia-miúda ocupe o lugar a que tem direito no campo. A verdade
é que nunca foi essa a intenção do desafio democrático,
adjectivo oco que enche a boca dos mandaretes comunitários e seus coadjuvantes a
nível de nação. Suponhamos que Ronaldo não tivesse estado em quatro dos cinco
golos marcados até hoje pela equipa portuguesa no Europeu. Logo se ouviriam locutores a desclassificá-lo
e claques a chamar-lhe traidor e mercenário. Assistir-se-ia a algo parecido às
ofendidas reacções ao Brexit dos detentores
de lugares de poder obtidos por cooptação, Junkers, Tusks & Cia, que exibiram
à primeira vista grande pressa no cumprimento do resultado do referendo. Merkel veio dizer(-lhes) que era preciso calma, como se fosse
necessário garantir que até ao lavar dos cestos é vindima. Dar o dito por não
dito não é caso virgem, nem em referendos nem em coisa nenhuma, e os adeptos das
Cinco Quinas estão sossegados, porque afinal Ronaldo tem jogado a contento e o
poder do Goldman Sachs é grande na CE, por mão de Mário Draghi, seu antigo
vice-presidente para a Europa, subido a presidente do Banco Central Europeu, pormenor
que a maioria dos votantes no Brexit suponho ignorar. Tudo é possível, pois,
inclusive irmos à final a 10 de Julho, uma vez que a seu tempo chegará o fim do resto. Não há império que dure mil anos, afirmo-o nem que fosse só para desmentir Hitler.
Há 52 minutos